Falou-se também em abrir o mercado externo, em mais uma das muitas e históricas, “abertura dos portos”. O mote seria ampliar a concorrência, provocar a indústria nacional fazendo-a mais produtiva e competitiva tendo como consequência final, como “benefício” para o povo, a redução de preços. Seria isso mesmo? Abrir as fronteiras, zeras as tarifas de importação de dezenas de produtos e... destruir a indústria nacional, matando empregos e destruindo rendas. Não, não pode ser isso!
Em rodadas intermináveis com representantes de diferentes segmentos empresariais, observa-se um quadro de perplexidade que se soma à ansiedade.
O problema brasileiro, crucial, está no setor público. De um lado um extraordinário déficit primário com despesas crescentes. De outro, a dívida pública ameaçando chegar a 80% do PIB. Nenhum governo de bom senso pode entender que vai atacar esses dois problemas – que inviabilizam o país - e ao mesmo tempo pôr à mesa sugestões destrutivas de empresas e empregos.
Essas ideias que geram ansiedades saem da cabeça de acadêmicos que as emitem como se representantes do candidato que lidera a corrida empresarial fossem.
Viveremos um período crítico nos seis primeiros meses de 2019. Um governo novo à direita de tudo que se fez nos últimos 30 anos. Um Congresso que é uma incógnita com menos representantes que entendem e falam a linguagem econômica e empresarial. Há que se analisar com calma e propor e agir com prudência na hora certa.
Açodamentos nessa hora não são bons conselheiros. Estamos analisando o novo Senado e a nova Câmara dos Deputados em busca de novos interlocutores, independentemente de vinculações partidárias, capazes de compreender a problemática econômica e empresarial sem descurar-se do interesse nacional.
Recomenda-se cautela e preparação para defender a empresa brasileira, o emprego brasileiro, a renda brasileira, o mercado interno (nosso maior patrimônio) no tempo certo. Há potenciais riscos e ameaças no campo tributário e da competição internacional. Temos de estar prontos para evitar males maiores, mas a precipitação (antes de se conhecer nomes e medidas do futuro governo) pode resultar em efeitos indesejados.
Roberto Nogueira Ferreira